A necessidade

Por volta de 1909, com o crescimento da região devido à inauguração da ferrovia Blumenau – Hansa (Ibirama), fez-se necessária a construção de uma ponte para o cruzamento do rio Itajaí-açú, visto que a população de Benedito, Timbó, Rodeio e Encruzilhada (Rio dos Cedros) precisava de um acesso melhor à estrada de ferro. A morosidade da balsa e as despesas para sua manutenção já não comportavam o ritmo de desenvolvimento da região.

Na reunião da Câmara Municipal de Blumenau, em 10/02/1924, foi autorizada a abertura de concorrência para construção da ponte no então distrito de Indaial. Vencida a concorrência pela firma Emílio Odebrecht e Cia., de Pernambuco, foi assinado o contrato em 19/02/1924 para construção de uma ponte de concreto armado com 175 metros de comprimento e 6 metros de largura, pelo preço de 440:000$000 (quatrocentos e quarenta contos de Réis).

A obra

Início dos trabalhos de concretagem, porém após a enchente de 13 de maio daquele ano o projeto inicial de construir os arcos por baixo foi abandonado. Toda a armação de madeira para concretagem foi carregada pelo rio. Conta-se que muitos moradores tentaram recuperar a madeira, de excelente qualidade, que foi levada rio abaixo.

O novo projeto de arcos por cima foi substituído pelo antigo e proporcionava uma maior segurança.

O custo de 440 contos de Réis foi rateado, cabendo 240 para o estado e 200 para o município. Com a construção das cabeceiras e outras despesas imprevistas o valor chegou a 500 contos, porém o Estado negou-se a arcar com estas despesas que ficaram a cargo da população. Criou-se um imposto para obtenção de 152 contos, contribuindo os então distritos de Indaial, Timbó e Encruzilhada (Rio dos Cedros). Cada morador destes distritos contribuiu com 2$900 e cada morador dos outros sete distritos de Blumenau contribuiu com 1$345.

– A primeira pedra da obra foi colocada em 13 de fevereiro de 1925.

– A mistura de cimento foi na proporção de 1:5,5.

– Como mão de obra foram empregados 15 técnicos e 30 operários.

– A mistura de cimento foi na proporção de 1:5,5.

– Como mão de obra foram empregados 15 técnicos e 30 operários.

O escafandrista, foi o Sr. José Caetano dos Reis, casado com Clara Moser, irmã de Luiz e Augusto Moser. Há relatos de que o Sr. José, português, foi trazido de Portugal justamente para efetuar este trabalho por conhecer a técnica do mergulho para estes fins.

Material que foi empregado:

– 3000 barricas de cimento com 180 quilos cada, importadas da Inglaterra;
– 1000 metros cúbicos de pedras de granito;
– 700 metros cúbicos de cascalho;
– 750 metros cúbicos de areia;
– 140 toneladas de ferro;
– 40 metros cúbicos de madeira para os estaleiros.

Sobre Emílio Baumgart

O nome da ponte “Emílio Baumgart” é uma homenagem ao Engenheiro Civil blumenauense. Nascido em 1890, Emílio formou-se no Brasil e desenvolveu estudos para cálculo de concretagem até então inédito no mundo. Especializou-se nos EUA onde tornou-se pioneiro da aplicação de cálculo de concreto armado utilizado nas estruturas de edificações. É importante destacar que seu nome na História da Arquitetura Brasileira encontra-se entre os maiores como Oscar Niemeyer e Alfonso Eduardo Reidy.

A construção da ponte “Emílio Baumgart” foi um acontecimento histórico, pois é a primeira ponte de cimento armado deste porte no Brasil.

Conta-se que naquela data alguns moradores andaram sobre os arcos, chegando inclusive a apostar alguns “chopps” para quem cumprisse tal façanha. Vale ressaltar que nos dias de hoje isso ainda acontece de vez em quando, sempre às escondidas, longe dos olhos das autoridades policiais…

E nos dias de hoje

Curiosamente também existe uma ponte “irmã”, construída sobre o Rio das Antas, no Vale do Rio das Antas, próximo a Bento Gonçalves, com extensão de 300 metros.

Desde sua construção até os dias de hoje, a Ponte Emílio Baumgart já passou por duas reformas. Na primeira foram consertados diversos buracos e defeitos na pista de rolamento. Na segunda, em outubro de 1988, a ponte foi novamente reformada, os arcos e a ponte foram completamente revestidos e reforçados. Também foram construídas as passarelas para os pedestres, antigo sonho dos moradores.
Uma das grandes “sensações” da inauguração foi a demonstração do mergulhador. Conta-se que algumas crianças tinham muito medo do “monstro”.

Nos dias de hoje, quando passamos apressados sobre a Ponte dos Arcos, assim chamada carinhosamente pelos indaialenses, não devemos nos esquecer daquilo que ela representou na década de 20, quando foi construída. Vale a pena contemplar a beleza de seus arcos e a sua imponência sobre o rio Itajaí-açú. É, sem dúvida, um símbolo da prosperidade de Indaial.

Pesquisa: Fernando Pasold
Revisão de Textos – Alfredo Nagel

Agradecimentos:

Sr. Erich Stange (in Memoriam) / Sr. Heinz Beyer / Allan Stark
Arquivo Histórico “Teobaldo Costa Jamundá” – Fundação Indaialense de Cultura
Arquivo Histórico “José Ferreira da Silva” – Fundação Cultural de Blumenau