As casas na técnica construtiva enxaimel são uma das principais atrações turísticas em qualquer região de colonização alemã. Enxaimel – Fachwerk em alemão, significa “treliça” ou estrutura. É uma técnica extremamente complexa e com normas rígidas. Pregos e parafusos não podem ser usados. Toda a estrutura é encaixada.

Os Alemães aqui optavam por estas casas porque eram possíveis de se fazer com materiais locais e abundantes (madeira e barro) e por seu patriotismo queriam criar um ambiente germanico, para manter suas tradições. Eram robustas e confortáveis, utilizavam materiais comuns, porém essas casas não eram baratas. Muitos colonos só conseguiam ter a sua só depois que negociavam, com o carpinteiro, boa parte das madeiras da propriedade por uma casa destas. Outros conseguiam pagar pela casa, graças ao seu progresso na colonia e se sentiam muito realizados, pois na Alemanha nunca teriam condições de comprar.

Eram muito caras. Justamente no período da colonização, a Alemanha estava passando por uma fase difícíl. Inclusive de pobreza em massa. Nisso, o enxaimel teve uma fase de racionamento e disputa pela madeira, que também era usada como combustível na Revolução Industrial. Depois de 1860 com as ferrovias e reflorestamentos, essa situação se normalizou. Neste período, não se podia mais construir prédios muito artísticos, e as casas tinham limitações de tamanho e uso da madeira. Mas nunca deixaram de utilizar o enxaimel. Inclusive são fabricadas até nos dias de hoje na Alemanha. Isso também vale para as ferramentas, livros, uniformes de carpintaria e escolas de carpintaria. Nunca deixaram de ser impressos ou fabricados.

O enxaimel trazido para o Brasil, vem deste período de austeridade e o estilo com tijolos à vista é mais originário da região norte da Alemanha. Mais precisamente, da Baixa Saxônia, de cidades como Hannover, Braunschweig e Hamburgo. Aqui, os colonos depois ornamentavam as casas com requintes artesanais como: madeiramento esculpido, floreiras trabalhadas e um sem número de adereços feitos por marceneiros.

Há muitas pesquisas em andamento, tanto na Alemanha como no Brasil. Além de descobertas surgindo, que estão mudando vários conceitos no enxaimel. Inclusive a origem da técnica, que até já foi creditada aos etruscos (Itália), hoje está sendo revisada.

O Vale do Itajaí, no Estado de Santa Catarina, tem a maior concentração deste modo construtivo na América (e até fora da Europa). Os municípios de Indaial, Blumenau, Timbó e Pomerode têm número significativo de enxaiméis. Não só em quantidade como também em qualidade e dimensões. Há desde casas, igrejas e até clubes de tiro em técnica enxaimel.

Os exemplares mais antigos mostram a estrutura contada à mão com machado ou serrada com um serrote traçador. Alguns exemplares tinham taipa (barro e fibras orgânicas) ao invés de tijolos como preenchimento.

As portas e janelas, em duas folhas de madeira, são geralmente pintadas em vermelho nos caixilhos, e em verde nos planos maiores, que às vezes são inteiramente brancos. Em alguns casos, as folhas maiores trazem pinturas externas de guirlandas com pequenas flores. A questão das cores de alvenarias e ornamentos também está ligada ao patriotismo germanico, normalmente havia 3 cores básicas e de acordo com a sua nacionalidade: branco eram originários da Prússia, vermelho de Baden Wuttenberg e Verde da Baviera.

Desde o momento da chegada do imigrante em suas terras recém adquiridas, até a construção do enxaimel propriamente dito assim como nós o conhecemos, passaram-se diversas transformações:

Primeira fase. Inicialmente eram construídas casas com troncos roliços de palmito, bastante abundante na mata nativa, sendo a cobertura feita com outra espécie de palmácea. O piso era de chão batido. A construção era bastante pequena, e era apenas um abrigo provisório até que o terreno estivesse limpo e alguma plantação iniciada. Compunha-se de um único cômodo e uma cozinha primitiva em anexo.

Segunda fase. Essas edificações já aparecem com toda a sofisticação técnica do Fachwerk. A maioria das peças de madeira ainda são falquejadas a machado, os esteios serrados a mão, ou também falquejados. As casas enxaimel eram fabricadas pelos carpinteiros e os moradores ajudavam na montagem.

No preenchimento das estruturas, utilizava-se mistura de barro, capim e estrume de gado, sustentado por uma treliça de madeira falquejada, presa entre os módulos do esqueleto. As janelas eram simples, com duas folhas de tábuas. Por fatores de segurança contra incêndio e pelo fato de ainda não haver chaminé, a cozinha era separada por um corredor ao longo da fachada lateral da casa.

Terceira fase. É o nosso enxaimel propriamente dito. Com o aparecimento das chapas de ferro fundido, o fogão recebe uma chaminé, tornando a cozinha mais segura, eficiente e limpa, incorporando-se esta ao corpo da casa. O único detalhe 100% de adaptação ao clima brasileiro é o pé direito extra alto (acima de 2,5m) justamente p reduzir a insolação do teto na casa.

Devida à alta temperatura, o sótão não era utilizado como quarto, e sim como depósito. Nesta fase, toda a madeira utilizada já é cortada por engenhos com serras movidas com rodas d’água, com exceção das peças muito grandes, de difícil transporte, que continuavam sendo falquejadas.

Na Alemanha, devido ao clima muito frio, o estábulo era junto à casa, e até sob o piso da parte residencial, isto para armazenar o calor. Com nosso clima sub-tropical, forçou-se uma dissociação da casa com o estábulo, ambas tornando-se construções independentes.

Vale lembrar que cada enxaimel foi ou é um lar, possui em si a história de muitas vidas e de muitos dos nossos antepassados. Foram construídos com muito trabalho e perseverança, e foram construções importantes no desenvolvimento desta cidade que nos enche de orgulho.

Cabe a nós, indaialenses, mantermos viva a idéia da preservação da arquitetura enxaimel em nossa região. É preciso conscientizar nossa população de que, a cada enxaimel desaparecido, perde-se mais uma folha do livro da história da cidade.

O Portal de Indaial externa especial agradecimento ao Sr. Heinz Beyer, incansável batalhador pela preservação do enxaimel em nossa região. Durante aproximadamente seis anos (1989 a 1994), realizou levantamento fotográfico de uma centena de casas nesse estilo, num dedicado esforço e pesquisa, e agora colabora espontanemante com este site.

Agradecemos também a colaboração do Sr. Paulo Volles, de Blumenau, mestre carpinteiro da “Casas Enxaimel”, uma entidade artífice cultural, que desde 2008 se dedica exclusivamente na pesquisa, restauro e também na fabricação de casas enxaimel. Seu trabalho e de sua equipe pode ser conhecido no site www.casasenxaimel.com.br.